Pode ser uma descoberta repentina ou resultado de uma lenta progressão: de repente, você se vê com pouca motivação para fazer seu trabalho e continuar empreendendo na sua carreira. Você olha para os lados e só vê pessoas se esforçando e continuando a bater metas. Esse costumava ser o seu perfil, mas tudo parece diferente agora.
Sara Wang se sentiu dessa forma há cinco anos. Perder a suposta motivação gerou desorientação, mas também foi uma benção, diz a coach de carreira. "Motivação é um conceito potencialmente danoso e que, no melhor dos casos, não ajuda em nada", escreve Wang em artigo para a Forbes. "Há uma alternativa muito mais sã, sustentável e enriquecedora para orientar sua vida."
A motivação fazia Wang se levantar, trabalhar duro e tentar ao máximo atingir o sucesso. Descanso e lazer estavam distantes e eram apenas planos para o futuro. A rotina exaustiva fez a coach de carreira ter estresse crônico, ou burnout.
"Eu percebi que minha motivação vinha do medo", diz Wang. "Estava gastando energia para trabalhar duro, sobreviver e alcançar o sucesso pelo medo de perceber que eu não seria boa o suficiente se não fizesse algo importante de mim mesma. Não havia desejo genuíno."
Esse algo importante não precisa ser o sucesso profissional. Pode ser riqueza ou a aprovação dos seus pais, por exemplo. A raiz é a mesma: o medo é o combustível para sua motivação. Mesmo na exaustão, o medo cria aquele pânico de que você precisa se revigorar o mais rápido possível. O problema é que essa sensação está postergando recompensas que podem nunca chegar.
O que fazer contra a motivação derivada do medo?
Primeiro, preste atenção no que seu medo está lhe dizendo: o que você precisa ser e quais são as consequências do fracasso. Preste atenção em como seu pensamento pode ser irracional. "A verdade é que eu já sou suficiente. Nós já somos suficientes. Não precisamos provar nada", afirma Wang.
Depois, olhe para o que seu medo provocou e quais distâncias você percorreu para que ele estivesse sob controle. Há uma narrativa de que é preciso se sacrificar e negar os prazeres da vida por uma recompensa futura que o fará se sentir seguro. Mas essa sensação nunca chega, mesmo depois de uma promoção ou um negócio de sucesso - a barra de segurança só aumenta.
"Eu cheguei a uma parede e percebi que nenhuma quantidade de sucesso seria suficiente", escreve a coach de carreira. "O burnout era desmotivamente, mas o que realmente abalou minhas estruturas era ver a falsa lógica sobre a qual eu construí minha vida."
Essa é a hora de conseguir sua vida de volta. O que irá fazer você se levantar da cama, sem ser o medo? Aquele desejo genuíno que faltava na sua vida anterior. "Você não precisa de motivação quando se pauta pelo prazer", afirma Wang. Foque no que preenche suas vontades presentes, e não em um futuro ilusório. Não existem promessas de motivação porque não há sacrifícios. Não negue quem você é, do que você gosta e como você gostaria de passar seus dias.
A mudança é difícil de fazer. Então Wang recomenda começar fazendo-se algumas perguntas: o que realmente faz você se sentir bem? O que precisa mudar para que você consiga sentir alegria no que faz? Talvez você precise de uma mudança de trabalho, de mercado, de clientes. Encontre o que precisa ser transformado para devolver-lhe sua vida. O passo principal é dar mais valor a ela do que a uma suposta motivação.
Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios