Há uns bons anos trabalho com inovação e empresas de tecnologia. Ouço uma pergunta de pessoas interessadas em fazer parte deste mercado constantemente: o que devo estudar para entrar no mercado de tecnologia? A verdade é que essa é uma pergunta sem uma resposta definida-e que mostra como o mundo tem mudado cada vez mais depressa. Ela pode assombrar até mesmo os profissionais que já têm habilidades digitais ou que trabalhem com tecnologia. Mas se eu puder dar uma única dica a quem tem essa dúvida, ela seria: continue sempre estudando e aprendendo coisas novas. Tente ser 1% melhor do que você era no dia anterior. É o que chamamos de life long learning.
Você já deve ter ouvido falar que vivemos em um mundo VUCA. O termo vem da sigla em inglês para "volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade". Um artigo da consultoria de RH Robert Half, fala sobre os impactos do mundo VUCA para os profissionais, o texto aborda o fato de que é necessário nos adaptarmos e desenvolvermos habilidades comportamentais e emocionais que nos ajudem a driblar os momentos desafiadores e a superar as barreiras que nos distanciam das nossas metas pessoais e profissionais. A pandemia do novo coronavírus, que temos atravessado, é mais um indício que o mundo é VUCA, com alta incerteza e complexidade.
Eu sou da época em que o processo de educação e entrada no mercado de trabalho era menos complexo, apesar bastante desafiador: você escolhia um curso superior, estudava, se formava e seguia com uma carreira profissional. O conhecimento adquirido serviria para dar base às tarefas que seriam realizadas na carreira. Obviamente que as dificuldades do estágio e primeiro emprego sempre existiram, mas nada se compara o que os profissionais enfrentam hoje. Com os impactos das novas tecnologias, principalmente Inteligência Artificial (IA), esse ciclo se encurtou muito, e no mundo de hoje talvez formações de longo prazo já não façam tanto sentido. A sociedade, o mercado de trabalho e o conhecimento exigido mudam constantemente, impactos das mudanças exponenciais da tecnologia e do perfil de consumo das pessoas. São exigências ditadas no mesmo ritmo da Lei de Moore, cunhada pelo cofundador da Intel Gordon Moore: a cada dois anos, o poder computacional disponível dobra, e com uma redução substancial nos custos. É nesse ritmo que novas habilidades e novo conhecimento são requeridos.
E como não ficar para trás? Aprendendo sempre, pela vida toda, é o life long learning. Se eu pudesse indicar uma skill para alguém, seria esse: ser capaz de aprender constantemente. Precisamos ser uma sociedade de curiosos, de pessoas que gostem de buscar novos assuntos e compreendê-los. Lidar com o desconhecido será cada vez mais importante. Não é possível ficar à espera do próximo curso ou da profissão do futuro.
Para isso, não tem receita. Cada um tem uma forma diferente de evoluir e aprender. Seja recorrendo aos mais variados livros e outros estudos para conhecer mais sobre um assunto ou aprender alguma coisa específica. A internet nos trouxe diversas maneiras de seguir esse caminho: desde cursos online (muitos gratuitos), vídeos no YouTube, até os podcasts, um sucesso contemporâneo e uma boa forma de disseminação de conteúdo e conhecimento.
Talvez o primeiro passo seja o mais difícil. É possível fazer um paralelo com a prática de exercícios físicos, nem todas as pessoas estão acostumadas. Sabe quando você começa a praticar atividades físicas e então desanima e acaba parando? Nas primeiras semanas o corpo dói, o resultado não aparece e caímos no "vale da desilusão" antes mesmo de começar a criar o hábito e desenvolver a musculatura. Aprender passa pelo mesmo processo. O importante é desenvolver o hábito, não desistir e criar formas de se recompensar a cada vitória, para desenvolver este novo "músculo" como um skill. Procure ambientes ou empresas que habilitem seu crescimento. Leia, assista a vídeos e aprenda um pouco a cada dia. Acostume-se a dedicar um período do seu dia a isso. Warren Buffet reserva suas primeiras horas do dia para leitura. Bill Gates pratica leitura de temas desconhecidos para resolver problemas complexos do mundo que vivemos hoje. Em tempo de isolamento social pode ser um bom ponto de partida para essa mudança de mindset e atitude. Seja, sempre, 1% melhor do que era no dia anterior. E leve isso para a vida toda.
Fonte: Empreendedor